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Os Padres do Deserto existiram nos séculos IV e V e viveram inicialmente no deserto egípcio, na solidão e na quietude, em atitude ascética, fugindo dos homens para se encontrarem com o Homem na sua mais íntima relação com Deus. O Evangelho era o seu pão e a imitação de Cristo o seu vinho.
Esses monges do deserto, influenciados pela vida de Jesus, o seu Cristo, e pela sua Palavra, deixaram-nos pequenas histórias e ditos, também conhecidos por apotegmas, pérolas de sabedoria inspiradas nos Evangelhos e verdadeiras preciosidades da doutrina cristã. Por vezes, sentenças inesperadas e nalguns casos desconcertantes: “Alguém disse a um ancião que o seu pai havia morrido. Este respondeu: - Para de blasfemar! O meu pai é imortal!”
Escolhemos alguns destes ditos e partes dos mesmos sem qualquer preocupação sistemática. São ditos para ler e meditar, dedicados especialmente a todos os que mergulharam toda a sua vida num materialismo destruidor e numa agitação quotidiana permanente, olvidando o espírito.
Os Padres do Deserto incitam-nos à solidão afectuosa e espiritual, ao silêncio e à quietude do coração.
A solidão espiritual é fonte de sabedoria. E dizemos espiritual, porque de nada nos aproveita a reclusão enquanto mantemos o nosso pensamento no “ruído” do mundo. A ser assim, é preferível viver no meio do mundo e dos homens com um espírito solitário, do que viver só e afastado de tudo, mas com o coração entre os homens, num abandono meramente mental da multidão e não em termos espaciais.
Aquele que vive sozinho e que suporta a solidão como a maior das doçuras terrestres, não se atém ao passado e não se preocupa com o futuro; o passado já não existe e o futuro é uma incógnita. Vive o agora, o instante, numa atitude de autoconhecimento constante e está sempre atento, vigilante. Não negligencia a sua devoção quotidiana; o desprendimento dos bens materiais, a renúncia de si mesmo *, o silêncio, a oração constante e a meditação.
O amanhã é incerto e o Anjo da Morte pode chegar sem ser anunciado, em momento inesperado. Por isso, tem-na sempre na sua mente. Quando se deita não sabe se verá o Sol nascer e quando o Sol nasce não sabe se viverá até ao anoitecer.
É esta a ciência da vida solitária.
* - Como dizia um dos pais do deserto, não basta renunciar ao mundo e às coisas do mundo. É fundamental renunciar ao apego dos bens materiais. Nisto consiste a renúncia.
Se é difícil renunciar aos próprios bens, muito mais dificultoso é renunciar a si mesmo. É menos meritório renunciar ao que se tem do que ao que se é. –
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Ser cristão é imitar Cristo.
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Tudo o que fiz até aqui parece-me muito mas não é nada.
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Há muitos séculos atrás, viviam no deserto, homens dedicados à oração e à contemplação, comportando-se de modo humilde e praticando o silêncio. Chamavam-lhes os padres, pais ou monges do deserto.
Dois deles, Poemen e Agatão, compartilharam durante largos anos a mesma cela sem que em momento algum se tivessem desavindo.
Um dia Poemen disse:
- Porque é que não discutimos, como os outros por vezes fazem?
Agatão respondeu:
- Não vejo porque é que o não podemos fazer, mas existe um impedimento: não sei como discutir.
Poemen reflectiu, e após alguns instantes propôs:
- Vês este tijolo? Coloco-o entre nós, e digo: é meu. Tu dirás que é teu, assim se iniciando a discussão. Simples, não?
Conforme acordado, sentaram-se frente a frente, com o tijolo no meio dos dois.
Um afirmou:
- Este tijolo é meu.
Respondeu o outro:
- Não, o tijolo é meu, não é teu.
Volveu o primeiro:
- Certo, é teu, podes ficar com ele.
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Se o homem desejasse, bastar-lhe-ia um dia, de manhã à noite, para alcançar a dimensão da divindade. (Abade Alónio)
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O Abade José perguntou ao Abade Pastor:
- Diz-me irmão, o que é necessário para ser monge?
O Abade Pastor respondeu:
- Se queres encontrar repouso neste mundo e no outro, coloca a ti próprio em todas as ocasiões esta pergunta: Quem sou eu? E não julgues ninguém.
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Quanto mais o homem se conhece mais pecados encontra em si.
Quanto mais humilde, mais progride.
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A autocrítica é um fardo muito mais leve comparado com o da autojustificação. (Pai João Colobos)
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O homem deve ser paciente, manso e humilde.
É humilde quando se reprova a si mesmo em vez de reprovar os outros. (Pai Isaías)
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Quando pecares age como se Deus estivesse junto de ti.
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Ninguém quer pecar contra Deus, mas todos somos enganados.
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De nada servem as vigílias, o jejum e os sacrifícios sem amor. Deus é Amor e o Amor é o maior dos bens.
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Alivia-te do fardo de juiz e terás repouso nos teus breves dias. (Pai Poemen)
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Quando penso em julgar alguém, digo para mim próprio:
- Não, não o faças. (Pai Agatão)
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Nada há de pior do que julgar os outros. Deixa de os julgar, e deixa que seja Deus a fazê-lo.
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Se tivermos caridade e compaixão nunca julgaremos os outros. (Pai Doroteu)
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Encobre as faltas dos outros e Deus será misericordioso contigo. (Pai Isaac)
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Senta-te, medita na tua morte e vê qual será a ruína do teu corpo. Assim, despreza a vaidade do mundo. (Pai Antão)
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O Abade Epifânio dizia:
- Conhece-te a ti mesmo, para que nunca peques. Procura trabalhar a tua alma com a oração contínua e com o amor de Deus.
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Orai sem cessar. A oração é o espelho do monge. É o exercício mais exigente:
- Rezar a Deus sem distracção.
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Cultiva uma boca sincera, um corpo santo e um coração puro.
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O tesouro do monge é a pobreza voluntária. Não deve acumular tesouros na terra, deve sim acumulá-los no céu.
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Se quiseres ser monge e apenas tiveres um Evangelho, vende-o e dá o dinheiro aos pobres, porque é o mesmo Evangelho que diz:
- Vende o que tens e dá-o aos pobres.
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Devemos dar esmola. Mesmo que no princípio seja para agradar aos homens, acabaremos no temor de Deus.
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Tem mais mérito renunciar ao que se é do que ao que se tem.
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Nada trouxemos para este mundo e nada levaremos.
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Quanto mais o corpo se debilita, mais a alma progride. (Pai Daniel)
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O Abade Macário interrogado sobre o modo como se devia rezar respondeu:
- Não é preciso falar muito durante a oração, mas devemos estender com frequência os braços e as mãos e dizer: Senhor, tende piedade de nós, como tu quiseres e souberes.
Quando a tua alma estiver angustiada, diz: Auxilia-me. E Deus far-te-á misericórdia, porque ele sabe o que nos convém.
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A misericórdia contrapõe-se à justiça. (Pai Isaac)
- Lembremos a parábola da mulher adúltera. –
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A oração pura é aquela que é breve em palavras.
Guarda sempre no coração a palavra do publicano, que dizia e repetia sem cessar e que se lê no Evangelho:
- Senhor, tem piedade de mim, pecador.
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O Abade Arsénio quando ainda vivia no palácio, rezou assim:
- Senhor, conduzi-me ao Caminho da salvação.
Ouviu, então, uma voz que lhe disse:
- Arsénio foge dos homens e serás salvo.
Depois de ter entrado na vida monástica, rezou da mesma forma, e voltou a ouvir a voz:
- Arsénio, foge, cala e pratica a hesíquia*. São estas as raízes para não pecar.
- * O hesicasmo é uma doutrina espiritual contemplativa, que busca a união de Deus com o Homem através da oração contínua ou oração de Jesus. Teve o seu início com os Padres do Deserto e foi renovada nos mosteiros do Monte Athos, onde foi definido como hesicasta aquele que fala somente com Deus e reza sem cessar. O monge “sofre” uma solidão espacial, uma solidão do silêncio e uma solidão do coração (foge dos homens, cala e repousa na paz interior obtida a partir da oração constante). –
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O Abade Marcos perguntou ao Abade Arsénio:
- Por que foges de nós?
Arsénio respondeu:
- Deus sabe quanto vos amo, mas não posso estar ao mesmo tempo com Deus e com os homens. Não posso abandonar o Uno para ir viver no meio de muitos.
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A doçura da reclusão não leva ao desprezo de ninguém. (Pai Teodoro)
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Não desprezes ninguém, não julgues ninguém, não digas mal de ninguém.
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Dizia-se do Pai Arsénio que ninguém conseguia compreender a sua forma de vida.
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O Abade Arsénio dizia:
- Um monge, peregrino num país estrangeiro, não deve imiscuir-se em nada, e respeitar a paz.
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Tal como o Pai Arsénio arrependo-me muitas vezes de ter falado, mas nunca me arrependo de ter feito silêncio.
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Se condenados ou justificados pelas nossas palavras, mais vale preferir o silêncio. (Pai Poemen)
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O Santo bispo Teófilo quando estava para morrer disse ao Abade Arsénio:
- Bem-aventurado o que tem sempre presente a hora da morte, como tu Arsénio.
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Quando começo o dia tenho a morte perante os meus olhos. O mesmo quando me deito.
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Quando os maus pensamentos surgirem na tua mente não deves responder-lhes.
Levanta-te e reza:
- Filho de Deus, tem piedade de mim.
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Onde quer que mores não te apresses em fugir. (Pai Antão)
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Não mudes de morada por causa de uma tentação ou dificuldade. Ela seguir-te-á.
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Procura corrigir-te primeiro no meio dos homens para que depois te possas afastar deles. (Pai Longuino)
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É necessário recomeçar todos os dias. (Pai Poemen)
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Rezemos uns pelos outros para que sejamos curados.
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Se não cuidarmos do exterior, é impossível defendermos o interior.
Os melhores são os que rezam sem cessar.
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Não deves dar a menor importância aos sonhos impuros.
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O Abade António meditava na sua cela acerca da profundidade dos juízos de Deus.
Perguntou:
- Senhor, porque é que alguns morrem após uma vida breve, enquanto outros atingem extensa velhice?
Porque é que a alguns tudo falta, enquanto outros vivem na abundância de bens?
Porque é que tanta gente má é prendada de riquezas enquanto os bons são aniquilados pela pobreza?
Uma voz respondeu-lhe:
- António, ocupa-te de ti próprio: porque estes são os juízos de Deus e não te é útil entendê-los.
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Disse um ancião:
- Deves fugir totalmente dos homens, ou rires do mundo e dos homens, e em muitos casos fazer de doido.
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Se te dirigirem palavras fúteis não respondas. Mantém-te calado e o teu exemplo bastará.
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Nunca digas nada que não tenha nenhuma utilidade. (Pai Poemen)
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Não intervenhas em discussões.
Se tiverem razão diz:
- Está bem.
Se não tiverem diz:
- Tu é que sabes.
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Nunca deixei ninguém ir dormir com alguma queixa contra mim, nem eu próprio me fui deitar com algum ressentimento com alguém. (Pai Epifânio)
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Um ancião dizia:
- Se um homem comer uma vez por dia é um monge; se comer duas vezes, é um homem carnal, e se comer três vezes por dia, é uma besta.
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Não comas antes de ter muita fome, não durmas antes de ter muito sono, e não fales antes que te interroguem.
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Disse um ancião:
- Se fores orgulhoso, és o diabo. Se estás triste, és o seu filho. E se te preocupas com mil e uma coisas, és o seu servo permanente.
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Disse a Mãe Sinclética:
- Há uma tristeza proveitosa e uma tristeza maléfica. A tristeza útil é a que se aflige pelos próprios pecados e pelo esquecimento do próximo, e impede que nos privemos de alcançar a bondade perfeita. Esta agrada a Deus.
A tristeza cheia de irracionalidade a que chamam acédia*, procede do inimigo, havendo que fugir dela pela oração.
- * Angústia da alma ou ansiedade do coração que experimenta o vazio do sem sentido de tudo o que se é e se faz. –
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Dizia-se que os Padres do Deserto falavam segundo os pensamentos e a pessoa à qual se dirigiam.
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Um irmão perguntou a um ancião:
- Que devo fazer quando permaneço na minha cela?
O ancião respondeu-lhe:
- Sou apenas um homem num fosso profundo, enterrado até ao pescoço, e sofrendo tal fardo, exclamo:
Deus tende piedade de mim.
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Disse uma monja:
- Muitos dos que estavam na montanha naufragaram porque as suas acções eram mundanas. Vale mais viver no meio dos outros e conduzir em espírito uma vida solitária do que estar só e viver com o coração entre os homens.
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Não é necessário que nos recolhamos numa cela, basta que o façamos em nós mesmos na presença de Deus. Nisto consiste a fuga do mundo.
É possível estar a sós na própria mente mesmo no meio de uma multidão; basta-te ser silencioso. (Mãe Sinclética)
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Quem não se conseguir conter, julgando e desprezando os outros, deve retirar-se para a solidão. Com esta e com o conhecimento de si poderá atingir a humildade. (Pai Hiperéquio)
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A humildade vence sempre os pensamentos malignos.
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Viver com humildade e praticar a misericórdia, principalmente fazendo bem aos pobres, é uma obra de fé. (Pai Poemen)
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Odiar o mal é odiar os próprios pecados e justificar o seu próximo. (Pai Poemen)
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Converte-te hoje e morre todos os dias.
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O Abade Macário dizia:
- Luta por todas as mortes. Pela morte do corpo: ou seja, se não tens a morte do espírito, luta pela morte do corpo. E então a morte do espírito te será dada por acréscimo. E essa morte far-te-á morrer para todos os homens, e em seguida poderás conquistar a capacidade de estar constantemente vivo com Deus no silêncio.
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Faz-te de morto. Os mortos não ligam nem ao desprezo nem à glória dos homens. (Pai Macário)
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Só tem medo quem ainda está vivo.
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Se Deus habitar em nós não teremos maus pensamentos, pois Ele vela por nós.
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Cala-te conscientemente e fala conscientemente. (Pai Isaías)
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O silêncio é a mãe dos pensamentos sábios. (Pai Diádoco)
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Quem não aprender com o silêncio também nunca aprenderá com as palavras. (Teófilo, bispo de Alexandria)
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É no silêncio que vais descobrir o mistério do que está para além da morte.
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Não confies na tua justiça. (Pai Pambo)
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A agitação no mundo impede-nos de ver as nossas próprias faltas.
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Não há um único homem perfeito. (Pai Macário)
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Ninguém está livre de pensamentos impuros. Terá de lhes fazer frente.
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Que sejas como uma pedra no caminho.
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Não ensines nunca a ninguém nada que não tenhas posto primeiro em prática. (Pai Cassiano)
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É sábio o que ensina por obras e pela experiência, e não pelas palavras. (Pai Hiperéquio)
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Não peço a Deus para me livrar das tentações, mas que me dê forças e perseverança para suportar o combate. Sem tentações não há salvação.
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O inimigo combate os santos através das mulheres.
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Não temos de erradicar as tentações, temos sim de lhes resistir.
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É combatendo as tentações que a alma progride.
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Não é bom agradar a toda a gente. (Pai Poemen)
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Se alguém perder ouro ou dinheiro pode vir a reencontrá-lo; mas, se for tempo que perde, nunca mais o readquire.
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Alguém disse a um ancião que o seu pai tinha morrido.
Ele respondeu:
- Para de blasfemar! Meu pai é imortal!
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Médico, cura-te a ti mesmo se queres curar os outros.
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Não percas tempo com as coisas passadas. (Pai Pambo)
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Depois de ter deitado a mão ao arado, que ninguém olhe para trás, sob pena de perder o reino dos céus. (Pai Antão)
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O homem é um animal que recebeu a vocação de se tornar deus. (G. Nazianzo)
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No Único já não haverá nem mestre nem discípulo, mas todos serão deuses. (Evágrio)
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O Espírito Santo não distingue o monge do secular, o virgem do casado.
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Foge da vanglória. Quem age para agradar aos homens já recebeu o seu salário. (Pai Isaías)
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Não exibas as tuas pretensas virtudes em público. A alma dissipa-se e perde o seu vigor com os louvores dos homens.
Esconde as tuas práticas ascéticas dos homens. (Mãe Sinclética)
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Quando choras pelas tuas faltas não o faças em público.
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Se falares sobre algo que outra pessoa tenha feito, sem maledicência, isto é sem antipatia, não é verdadeiramente maledicência. Para não aumentar o mal, no entanto, o melhor é guardar silêncio.
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Não te metas na vida dos outros, nem te alegres com a queda do teu irmão. (Evágrio)
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Não mores num lugar onde tenham inveja de ti, pois não progredirás. (Pai Poemen)
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Onde moram as paixões não pode morar Deus.
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Não firas nem mates o teu corpo, mas antes as paixões. (Pai Poemen)
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A mentira é o homem velho, a verdade é o homem novo.
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Vive como um estrangeiro num estado de silêncio vigilante.
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Acolhe todos os homens como irmãos.
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Não há maior misericórdia do que a daquele que, por compaixão para com o seu próprio, toma parte nos seus sofrimentos. (Pai Isaac)
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O Amor perfeito é aquele em que um homem dá a vida pelo seu irmão. (Pai Agatão)
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Se um homem disser em seu coração:
- Ainda que eu volte para Deus, Ele não me perdoará.
Em boa verdade, tal homem blasfema contra o poder da Santa Trindade, dá espaço a Satanás e o seu pecado é imperdoável, se não se converter e fizer penitência em todo o seu coração. (Pai Macário, o Egípcio)
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Sonho com uma vida como a das formigas em que todos trabalham para um mesmo fim, sem nada ter de si próprio e em que tudo é de todos. (Pai Malco)
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Alegrai-vos sempre, orai sem cessar, e dai graças em todas as circunstâncias. (Pai Benjamim)
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O Pai Doroteu disse:
- Tal é a natureza do amor.
Quanto mais o homem está unido ao seu próximo, tanto mais está unido a Deus.
Tende em consideração esta comparação que aprendi de nossos Pais.
Imaginemos que existe uma roda na terra bem gravada em forma circular com um eixo ao centro que é o seu ponto central.
Imaginemos que o círculo é o mundo e que o centro é Deus.
Os raios que principiam na roda do círculo e se dirigem em direcção ao centro são as veredas e estilos de vida dos homens. De tal modo que, os santos que pretendem aproximar-se de Deus caminham para o interior desses raios, aproximando-se de Deus, ficando mais próximos uns dos outros segundo a posição do seu avizinhamento. Quanto mais se aproximam de Deus mais eles se aproximam uns dos outros e quanto mais se aproximam uns dos outros, tanto mais se aproximam de Deus. O mesmo ocorre quando se distanciam: quanto mais se apartam do centro, mais se desviam de Deus e uns dos outros.
Esta é a natureza da caridade: à medida que nos distanciamos e não amamos Deus também nos afastamos do nosso próximo. E, pelo contrário, na medida em que amamos Deus, aproximando-nos dele pela caridade, ficaremos unidos pela caridade ao próximo e a Deus.
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