O PENSADOR

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RODIN

terça-feira, 5 de março de 2024

AFORISMOS E REFLEXÕES BREVES VI


Santo Agostinho: “Creio, para conhecer.”

São Tomás de Aquino: “Conheço, para crer.”


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Deus está no mundo e o mundo está em Deus?


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Platão acreditava-se que a alma era imortal e ia encarnando repetidamente em vários corpos, “não tendo nada que já não tivesse aprendido”.


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Um Deus omnipotente e bom não é compatível com os males e imperfeições do mundo (Antony Flew).


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Para Leibniz o mundo não poderia ser melhor do que é.

Leibniz não acreditava que fosse possível um mundo sem mal, preferível ao nosso; se assim fosse teria sido esse o escolhido. No seu entendimento é forçoso crer que a adição do mal produziu o maior bem possível: caso contrário, o mal não seria permitido por Deus.


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Este país só necessita de uma defesa: que o povo se defenda dos seus governantes e autoridades.


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O frio dos pobres é gélido, mais frio do que o frio dos ricos, tal como frialdade que aumenta em dia de forte ventania. Quanto menos roupa, mais frio deus lhes dá.


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Como terá surgido a vida?

Para James Jeans existimos por acidente.

Wald manifesta-se no sentido de termos decidido acreditar no impossível: que a vida tenha surgido espontaneamente, por um mero acaso.

Na sua perspectiva a origem da vida só pode ter resultado de uma Mente infinitamente inteligente – o que é por si aceite e por muitos outros cientistas, nomeadamente por Stephen Hawking.


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Platão, Aristóteles e Schopenhauer, em especial os dois últimos, consideraram que as mulheres são inferiores aos homens.

Nalgumas coisas serão superiores e noutras inferiores. É tudo uma questão de opinião sem valor demonstrativo.


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Muitas vezes julguei ganhar, e perdi. Outras julguei perder e ganhei.


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Neste mundo reina a ilusão, a catástrofe, a infelicidade.


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Envelhecer com sabedoria é uma das últimas artes do homem, apenas suplantada pela que nos faz morrer com serenidade. Esta última, é indubitavelmente a mais excelente dentre elas.


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A fraqueza não é um mal sem remédio. Nem sequer é verdadeiramente um mal. É apenas fraqueza, da qual um conjunto de homens sem escrúpulos se aproveita impunemente.


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Deus não é algo que podemos observar empiricamente e a experiência mística é indizível e intransmissível.


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Voltaire ainda tinha com quem dissertar quanto aos efeitos e causas, acerca do melhor dos mundos possíveis, da origem do mal, da natureza da alma, e da harmonia pré-estabelecida.

Eu, infelizmente, disserto sozinho. Nos cafés das redondezas, e a maioria das pessoas que conheço, falam de futebol, de automóveis e das suas doenças. Os homens principalmente de futebol, carros e mulheres. As mulheres principalmente de roupa, viagens, doenças e às vezes de homens quando nenhum está presente. 

Há no entanto um denominador comum que não foi citado e é a rainha das conversações: a calhandrice.


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A água corre em regra, na direcção da água, purificando tudo o que encontra no seu caminho. Pena é, que não asseie as línguas maliciosas.


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Eduardo Abadia escreveu: “Na nossa estranha cultura, dominada por tabus, obcecada por cultos, hipersensível e louca por credos, qualquer um que tente examinar questões sociais difíceis de uma maneira lógica, analítica e empírica deve aprender a esperar uma tempestade de abusos retóricos de todos os lados.” 


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Uma decisão para ser potencialmente útil e justa, deve percorrer quatro fases:

- A enunciação dos factos;

- A sua compreensão;

- A análise e julgamento dos interesses em jogo; e

- A decisão propriamente dita.

Uma decisão não é uma amálgama de passagens copiadas de outras decisões coladas e alinhadas, muitas vezes sem nexo, para encher páginas sem coerência, como as sentenças hoje proferidas pelos tribunais com recurso às novas tecnologias.


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Para além de Deus existem três coisas que justificam a nossa meditação: Verdade, justiça e beleza.

Pena é que até hoje nenhum filósofo as tenha conseguido definir cabalmente.


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Se afirmarmos que Deus não é nada que possamos conceber, deveríamos ficar por aqui. Haverá algo a acrescentar ou demonstrar?

Mas é de uma enorme tentação especular acerca do que podemos imaginar como Ser supremo e causa de tudo o que é finito.


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A religião é antes de tudo sensibilidade e sede de infinito. Trata-se de uma questão de intuição e sentimento: “A essência da religião não é nem pensamento nem acção, mas antes intuição e sentimento.”


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A velhice deveria fazer com que os desejos e apegos se moderassem, libertando-nos deste modo de uma “multidão de déspotas coléricos”. 

Mas andam para aí uns velhos…


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A aproximação a Deus pela via apofática (Teologia negativa) conceder-nos-á a aproximação ao infinito negando tudo o que é finito?


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Será o mistério da minha morte mais difícil de compreender do que o estado que antecedeu a minha concepção?


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Quando um homem começa a enxergar a proximidade da morte, despontam-lhe temores e inquietações que antes o deixavam indiferente.

A sua alma enche-se de dúvidas, suspeições e pavores (Platão).


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Bertrand Russell com o seu humor característico qualificou a Monadologia de Leibniz como “Um conto de fadas fantástico, talvez coerente, mas absolutamente arbitrário.”


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Locke quis demonstrar que a imortalidade do homem é de todo provável.

Que no dia do Juízo Final ser-nos-á possível ressuscitar com um corpo novo e diferente e apesar disso continuarmos a sermos nós. 


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Concordo com Rochefoucauld, que neste mundo asnático, um tolo animoso persuade mais e melhor a populaça do que um sábio desapaixonado.


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Podemos acreditar na existência de Deus mas não na nossa sobrevivência à morte. Aqui a filosofia nada tem a dizer. Tudo dependerá da nossa fé.


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Um jovem amigo confidenciou-me: “Estou com uma enorme depressão. Não consigo encontrar sentido para a minha vida. Penso na morte e vejo o Nada absoluto e isso horroriza-me. As espécies animais e vegetais estão sempre em extinção. Nós, os homens, iremos desaparecer em breve porque somos estúpidos e gananciosos. A terra irá desaparecer dentro de 4 ou 5 mil milhões de anos.”


O que é que isso pode ter de tão assustador? Estamos aqui e temos de saber lidar com o “tempo” da nossa existência, com a nossa fragilidade, com amor.

É isso que tem importância, mesmo que tudo termine, como vai inexoravelmente terminar com a morte.


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Para Boécio a morte é uma das grandes consolações da filosofia.

Será a morte realmente diferente do sono, uma interrupção da consciência, um alívio da dor e um repouso dos conflitos que nos assolam?


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Existe uma organização cristã que realizou uma sondagem, tendo concluído que aquilo em que acreditamos aos treze anos é essencialmente, aquilo em que cremos quando morremos.

Se assim for, estou muito perto de voltar a ser cristão.


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Santo Agostinho foi um dos maiores pensadores de todos os tempos.

Quando jovem era obcecado por sexo, tendo-se permitido pedir a Deus: “Concede-me a castidade e a continência, mas ainda não.”

Com a sua conversão no ano de 386 passou a ser casto.


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São Tomás adverte-nos contra o pecado da masturbação que considera mais grave do que a própria violação.

Porque é assim um tão grande pecado? Porque não tem como consequência a reprodução e não promove a proximidade entre homem e mulher. Para além disso é um grave pecado contra Deus.

Vá-se lá entender o Santo que é indubitavelmente o maior filósofo escolástico.

Hoje a masturbação é entendida como fazer amor com a pessoa de quem mais gostamos: nós.


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Quer a nossa espécie queira quer não estará presa neste planeta que violentou de modo perverso e injustificável, até à sua completa extinção, que se avizinha.


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Na base do Novo Ateísmo encontramos a crença de que Deus não existe e de que não existe nenhuma fonte eterna e infinita de tudo o que existe.


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Berkeley ficou conhecido pela afirmação de que a matéria não existe e que além da mente e das ideias nada mais existe. Um filósofo Idealista.


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Podem existir um número infinito de universos com características completamente diferentes do nosso. É algo que nem a nossa imaginação pode alcançar.


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A sorte domina grande parte das nossas acções. 

Sorte ou azar…


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Heraclito disse: - Podemos e não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio e que não é possível tocar duas vezes numa substância mortal.


Quando as coisas se transformam não permanecerão as mesmas?

Somos e não somos?


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J. S. Mill em atitude distinta de Bentham considerou que os prazeres não se podem limitar à quantidade.

Há prazeres “baixos”, como comer, beber, sexo e que são comuns aos seres humanos e aos animais, e existem prazeres “elevados”, como a honra, a amizade, a poesia, a arte e a música, que são exclusivos dos homens.


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Para Descartes Deus é um ser de perfeição absoluta, sendo uma tolice pensar que não existe.


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O imperativo categórico de Kant em poucas palavras: “Age apenas segundo a máxima que possas levar a que se torne uma lei universal.”


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Sócrates terá dito: “Nada faço além de tentar convencê-los, jovens e velhos, a não se preocuparem mais, ou mesmo tanto, com o corpo e a propriedade, quanto se preocupam com a excelência das vossas almas.”


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Se o planeta Terra tivesse consciência e poder, já há muito teria exterminado uma espécie mesquinha, presunçosa, gananciosa, avara e destrutiva: a do Homo sapiens, que de "sapiens" nada tem.


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