O PENSADOR

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RODIN

sábado, 2 de março de 2024

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS – EXTINÇÃO DA HUMANIDADE

 

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ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS ABRUPTAS

UMA EMERGÊNCIA MUNDIAL


O cidadão comum tem o direito de saber o que está a acontecer no planeta que habita.

É bem possível que muitos não queiram ler ou ouvir alguns dos cientistas que apontam a curto prazo uma catástrofe apocalíptica no planeta que habitamos.

Também não é matéria que interesse, quer a governos quer à comunicação social – não capta votos nas urnas e não é lucrativa.


No ano de 2017 editámos um artigo no nosso blogue principal com o título:

PLANETA TERRA - A EXTINÇÃO DA HUMANIDADE

https://josemariaalves.blogspot.com/2017/10/planeta-terra-extincao-da-humanidade.html


Aí escrevemos a título introdutório:

Este é um alerta sério. Tão sério que poucos o irão escutar até ao fim.

Por tal motivo, tudo fizemos para pouco escrever. Iríamos encher páginas em branco com o que já está escrito ou dizer o que já foi dito por especialistas.

É um tema que merece ser analisado e ponderado com diligência e prudência, muito em especial na ausência do medo psicológico, porque onde há medo não pode haver liberdade ou verdade. Diz respeito à nossa vida, à nossa morte e à morte da própria humanidade. Morte que se transformou num verdadeiro tabu. Falar da morte não é agradável nem de bom-tom; afugenta os nossos elegantes interlocutores ou ouvintes.

Aterrorizamo-nos com a perda do que temos e do que somos, fazendo de uma única morte uma tragédia e da de milhões uma mera estatística.

Este é o grande problema da nossa vida. 


Estamos conscientes de que entre 2017 e o momento que vivemos pouco ou nada foi feito para minimizar o impacto de uma SEXTA EXTINÇÃO ABRUPTA NO PLANETA, na qual nos encontramos.


Estamos a sofrer as consequências dos erros terríveis de um capitalismo selvagem cometidos há muitas décadas. Até os mais optimistas consideram que estamos à beira de um aquecimento global catastrófico descontrolado.


As florestas desaparecem. Espécies inteiras extinguem-se a um ritmo nunca antes observado. As calamidades e catástrofes naturais sucedem-se.

O homem é o mais cruel de todos os animais à superfície da Terra, o “criador” privilegiado da sua própria extinção. 

Florestas, rios, oceanos, animais precederam-no, mas são os desertos que se lhe vão seguir.


ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS – EXTINÇÃO DA HUMANIDADE


Em finais do século XVII, já se alertava para o risco das mudanças climáticas induzidas pelo homem.

Falava-se então, da Teoria da Seca ou dessecamento, que relacionava o desaparecimento do tecido vegetal com a diminuição da pluviosidade e das reservas de água no solo. A destruição exaustiva das florestas seria o factor determinante das secas e consequente desertificação.

Esta teoria foi estudada com maior rigor, em princípios do século XVIII, em Cambridge por John Wood e Stephen Hales. 


Em 1827, em França, foi determinado o Efeito Estufa –  a existência de gases na atmosfera que aprisionam o calor do planeta em vez de o deixar escapar para o espaço. 


George Perkins Marsh, nascido em 1801 e falecido em 1882, é considerado o primeiro de todos os ambientalistas da América, que reconheceu abertamente o impacto negativo das actividades humanas sobre o planeta. 

No ano de 1847 discursou na Sociedade Agrícola do Condado de Rutland, Vermont, onde anotou que muitas das alterações climáticas se ficavam a dever à desarborização e à drenagem de pântanos. 

Disse nesse seu discurso: “O homem não pode, arbitrariamente, comandar a chuva e o Sol, o vento, a geada e a neve, mas é certo que o próprio clima, em muitos casos, foi gradualmente alterado e melhorado ou deteriorado pela acção humana. As florestas afectam a evaporação da terra e como consequência a quantidade média de humidade do ar. As mesmas causas alteram a condição eléctrica da atmosfera e o poder da superfície de reflectir, absorver e irradiar os raios do Sol, influenciando consequentemente a distribuição da luz e do calor, a força e a direcção dos ventos. Também dentro de estreitos limites, os incêndios domésticos e as estruturas artificiais criam e difundem o aumento do calor, a ponto de afectar a vegetação. A temperatura média de Londres é um grau ou dois mais alta do que a do país à sua volta, e Pallas acreditava que o clima de um país tão pouco povoado como a Rússia foi sensivelmente modificado por causas semelhantes.”


Em 1878 foi fundada a Organização Meteorológica Internacional. E no ano de 1947, foi criada, pela convenção de Washington, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), como entidade sucessora da Organização Meteorológica Internacional.


Em 1890, Olof Arrhenius demonstrou que a queima de combustíveis fósseis levaria ao aquecimento do planeta. O efeito estufa foi relacionado com o CO2 procedente da combustão do petróleo e do carvão mineral - cuja aplicação teve o seu auge na indústria com a Revolução Industrial.

 

A partir do ano de 1968, as questões atinentes ao meio ambiente focaram-se na preparação da Conferência de Estocolmo, especialmente consagrada a esse tema.

Em 1971, na Cidade do México, o investigador Miguel Ozório demonstrou grande preocupação com os efeitos do aumento da temperatura na Terra.

A Conferência de Estocolmo foi realizada no ano de 1972, tendo sido criadas instituições especializadas, como a Secretaria do Meio Ambiente, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e um Fundo das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Entre 1975 e 1986 as diversas organizações dedicaram-se ao estudo das medidas possíveis para evitar os riscos referentes ao Aquecimento Global e à Camada de Ozono.


O climatologista James Hansen lançou o alerta na década de 80.

 

Depois de 1986 foi criado um grupo de trabalho incumbido de preparar as negociações de um tratado mundial, a fim de enfrentar o problema do aquecimento global, assim como de realizar as reuniões mundiais sobre o clima.

Em 1988 realizou-se em Toronto a Primeira Conferência Climatológica Mundial.

Aí, considerou-se na generalidade, que a emissão de gases criadores do efeito de estufa deveria ser controlada.

Em 1990, na cidade de Genebra, ocorreu a Segunda Conferência Climatológica Mundial, que não foi propriamente um êxito, já que o acordo continha cláusulas reservadas à protecção dos interesses de países que se recusassem a aceitar restrições à sua política na matéria, globalmente considerada, países como a Rússia, os Estados Unidos e os produtores de petróleo do Médio Oriente.

Os interesses económicos de alguns dos países mais industrializados relegaram – como ainda relegam, mesmo que dissimuladamente – para segundo plano a preservação dos recursos naturais e o equilíbrio climático. 


Hoje, mais do que ontem, são muitos os movimentos que buscam uma alteração na mentalidade dos senhores deste mundo. 

Movimentos estribados nas melhores das intenções, encabeçados por investigadores mundialmente famosos e escorados na melhor ciência, mas sem grandes resultados práticos, estando alguns deles imbuídos de uma dose considerável de ingenuidade.


A Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento –  conferência de Chefes de Estado  – também conhecida por ECO-92, foi realizada no Rio de Janeiro, em Junho do ano de 1992, tendo como objectivo debater e solucionar os problemas ambientais e sociais causados pela destruição do planeta.


Durante um curto discurso proferido na dita conferência, o então líder cubano, Fidel Castro, alertou sobre o caos ambiental que anunciava a destruição do planeta.

De nada valeu, mas vale a pena ouvir ou ler o que todos ouvimos nessa altura, unanimemente aplaudido e logo esquecido.

Quase três décadas depois, as suas palavras são completamente actuais:


Texto traduzido do discurso:

“Sr. Presidente do Brasil, Fernando Collor de Mello;

Sr. Secretário-geral das Nações Unidas, Butros Ghali; Excelências:

Uma importante espécie biológica está em perigo de desaparecer devido à rápida e progressiva aniquilação das suas condições naturais de vida: o Homem. 

Agora estamos conscientes deste problema, quando é praticamente tarde para o impedir.

É necessário salientar que as sociedades de consumo são as principais responsáveis pela atroz destruição do meio ambiente. Nasceram das antigas metrópoles coloniais e de políticas imperiais que, por sua vez, engendraram o atraso e a pobreza que hoje flagelam a imensa maioria da humanidade. 

Com apenas 20 % da população mundial, consomem as duas terças partes dos metais e as três quartas partes da energia, que é produzida no mundo. 

Envenenaram os mares e os rios, contaminaram o ar, enfraqueceram e perfuraram a camada de ozono, saturaram a atmosfera de gases, que alteram as condições climáticas com efeitos catastróficos de que já começamos a padecer. 

As florestas desaparecem, os desertos estendem-se, milhares de milhões de toneladas de terra fértil vão parar ao mar cada ano.

Numerosas espécies extinguem-se. 

A pressão populacional e a pobreza conduzem a esforços desesperados para sobreviver à custa da natureza. 

É impossível culpar disto os países do Terceiro Mundo, colónias ontem, nações exploradas e saqueadas hoje, por uma ordem económica mundial injusta.

A solução não pode ser impedir o desenvolvimento dos que mais necessitam. O real é que tudo o que contribua actualmente para o subdesenvolvimento e a pobreza constitui uma violação flagrante da ecologia. 

Dezenas de milhões de homens, mulheres e crianças morrem todos os anos no Terceiro Mundo em consequência disto, mais do que em cada uma das duas guerras mundiais. 

O intercâmbio desigual, o proteccionismo e a dívida externa, agridem a ecologia e propiciam a destruição do meio ambiente.

Se quisermos salvar a humanidade dessa autodestruição, teremos que fazer uma melhor distribuição das riquezas e das tecnologias disponíveis no planeta.

Menos luxo e menos esbanjamento nuns poucos países para que haja menos pobreza e menos fome em grande parte da Terra. 

Não mais transferências para o Terceiro Mundo de estilos de vida e de hábitos de consumo que arruínam o meio ambiente. 

Faça-se mais racional a vida humana. 

Aplique-se uma ordem económica internacional justa.

Utilize-se toda a ciência necessária para um desenvolvimento sustentável sem contaminação. 

Pague-se a dívida ecológica e não a dívida externa.

Desapareça a fome e não o homem.

Quando as supostas ameaças do comunismo já desapareceram e deixaram de existir pretextos para guerras frias, corridas armamentistas e gastos militares, o que é que impede dedicar de imediato esses recursos na promoção do desenvolvimento do Terceiro Mundo e combater a ameaça da destruição ecológica do planeta?

Cessem os egoísmos, cessem as hegemonias, cessem a insensibilidade, a irresponsabilidade e o engano. 

Amanhã será demasiado tarde para fazer aquilo que devíamos ter feito há muito tempo. 

Obrigado.”


No ano de 2005 calculava-se que 1/3 de todos os corais de recifes, um terço de todos os moluscos de água doce, 1/3 dos tubarões e raias, 1/4 de todos os mamíferos, 1/5 de todos os répteis e 1/6 de todas as aves estavam a caminho do extermínio.


O dito James Hansen, num artigo publicado em 2017, referiu que a temperatura média global da altura era a mais elevada alguma vez sentida pela nossa espécie. 

O mesmo cientista que já tinha advertido no ano de 2006, que teríamos menos do que uma década para evitar passar o ponto sem retorno. 


Pelo menos desde 2007 que Guy McPherson vem alertando para o fenómeno das alterações climáticas e suas consequências, fundamentalmente por via da queima de combustíveis fósseis.

Em 2008, num artigo publicado na National Academy of Sciences, “Are We in the Midst of Sixth Mass Extinction? A View from the World of Amphibians”, David Wake e Vance Vredenburg levantavam a questão da Sexta Extinção em Massa. 

Os anfíbios – rãs, sapos, tritões, salamandras – que estão no planeta desde o tempo dos dinossauros estavam já a desaparecer, sendo eles que correm o maior risco de uma grande extinção. Uma taxa de 45.000 vezes superior à taxa de extinção de fundo. 


Uma maioria de especialistas mundiais, na sequência dos interesses de governos e outras organizações, continuam a defender acerrimamente a meta de 2º C proposta em 1977 pelo economista William Nordhaus.

Hoje temos mais conhecimentos do que os de Nordhaus em 1977, sem prescindir do facto de se tratar de um economista.


Não vamos ser exaustivos. Nas últimas décadas multiplicaram-se as Conferências, os Acordos, os Relatórios. E para quê? 

O metano é o segundo gás que mais contribui para o aquecimento global, a seguir ao CO2.

Em vez de o vermos reduzido vemo-lo a aumentar. 

Os níveis de metano na atmosfera aumentaram em todo o mundo no ano de 2021, 17 ppb –  partículas por milhar de milhão  –, superando os 15 ppb de 2020. Estamos perante os maiores aumentos anuais desde que começaram as medições – o que aconteceu em 1983. 

E como se não bastasse, os níveis de dióxido de carbono continuam a aumentar significativamente pelo décimo ano consecutivo.

Para que é que servem os compromissos de redução de emissões de gases com efeito de estufa?


A Terra já está acima dos 2º C relacionados com o limiar do início da Revolução Industrial (1750) - como refere Sam Carana, se incluirmos ajustes adicionais ao aumento superior a 1º, o aumento da temperatura da época pré-industrial (anterior a 1750) até Março de 2022, pode atingir os 2,35º C, estando apenas a 0,65% dos 3º C, o que pode levar muitas espécies, entre as quais a dos humanos, à extinção.


O aquecimento global leva à crise já existente dos refugiados ambientais, com tendência a um crescimento insustentável.

Este aquecimento, com ondas de calor e secas globais, só pode ser explicado com recurso à acção perniciosa do homem.

E o ponto sem retorno já terá ocorrido há várias décadas. Algo que se tornou claro com o Escurecimento Global e suas consequências.


O aumento de 1,5º C é muito provavelmente o máximo que a Terra pode aceitar sem que proteste. A partir daí, enfrentaremos, melhor, já estamos a enfrentar, como resposta, o aumento de inúmeras calamidades, tais como secas, inundações, sismos, pobreza, fome e doenças. 

Tudo antes da extinção da humanidade que se avizinha, não em milhões de anos, mas em décadas.


A Extinção Abrupta tem um caminho a percorrer, ainda que temporalmente muito escasso, quando confrontado com as outras extinções em massa ocorridas no planeta.

Esse “caminho” será uma grande fonte de sofrimento físico e psicológico para a quase totalidade das espécies incluindo a nossa. As consequências da crise climática são multissectoriais, cada vez mais frequentes, intensas e graves, verdadeiramente catastróficas.

Alguns exemplos:

- Temperaturas muito elevadas em determinadas zonas do planeta, tão elevadas que podem fazer sucumbir as espécies dessas mesmas zonas e fazendo com que aumentem exponencialmente as migrações ambientais;

- Ciclones tropicais, furacões, chuvas torrenciais, alternando com períodos em que a pluviosidade é praticamente nula, dando origem a secas prolongadas e a inúmeros incêndios florestais, inclusivamente na Sibéria, Alasca e Canadá;

- Actividade sísmica; 

- Aquecimento e acidificação dos oceanos, exterminando um grande número das espécies marinhas;

- Degelo e consequente subida do nível do mar; no Árctico o gelo do mar cobre apenas cerca de metade da área que cobria há 30 anos e daqui a cerca de 20 terá desaparecido completamente – daí o ano de 2040 ter um significado especial nos nossos cálculos. Degelo e aumento da temperatura na Antárctida;

- Inundações que vão atingir comunidades costeiras ou que vivem em regiões de baixa altitude;

- Um crescendo de doenças e da mortalidade, humana – pandemias, epidemias, novos vírus, novas bactérias, bactérias resistentes, microorganismos “adormecidos” que retornam como consequência do degelo e do desaparecimento do permafrost.

A forma como vivemos e consumimos determinados alimentos, a destruição do planeta, nomeadamente pelo aquecimento global, faz com que apareçam mais vírus e bactérias e pela sua replicação, mutantes que escapam à imunidade natural, aos tratamentos com antibióticos, e às vacinas, que podem eventualmente gerar epidemias ou pandemias catastróficas;

- A destruição de ecossistemas de outras espécies – terrestres, de água doce e oceânicas - originando extinções em massa irreversíveis;

- Impactos hostis nos regimes humanos, incluindo no acesso à água e na produção de alimentos, na saúde e na qualidade global de vida das populações; 

- Aumento exponencial das migrações originadas por motivos económicos e climáticos;

- Grandes dificuldades de adaptação na agricultura, na silvicultura, na pesca, energia e turismo – que são os sectores económicos mais expostos à crise climática;

- Um exponencial agravamento das crises humanitárias – fome, pobreza, carência dos mais elementares cuidados de saúde, etc.;

- Aumento de conflitos locais e internacionais, conduzindo em muitos casos a guerras, que afinal são uma constante na História do Mundo. Guerras altamente destrutivas face aos armamentos disponíveis: nuclear, químico e biológico.


A uma imensa e terrível sucessão de acontecimentos, calamidades provocadas pelo homem, ocorrerá a anunciada Extinção em Massa do Antropoceno – termo da autoria de Paul Crutzen, químico holandês que foi distinguido com o Prémio Nobel, com início não definido; alguns identificam o seu começo com a fase final da última Idade do Gelo ocorrida há 11.700 anos, outros com o início da Revolução Industrial (1750) e ainda com o aumento demográfico vivenciado na década de 60 do século passado.


A Extinção em Massa do Antropoceno não é nada que não faça parte da história da Terra, com a diferença de ter sido provocada pelo homem, agente causador e vítima dos seus próprios actos. A “Erva Daninha”, que teve para infortúnio do planeta e das outras espécies, a habilidade nociva de transformar o ambiente ecológico, “suicidando-se” e arrastando consigo outros seres, alheios à ganância e estultícia de um superpredador.


O paleontólogo David Archibald, especializado em dinossauros, disse numa entrevista:

“O grande ensinamento dos dinossauros foi que a extinção é a regra; não a excepção. O que é normal na evolução é que as espécies se extingam.” 

99% das espécies que povoaram o planeta extinguiram-se mais tarde ou mais cedo. Nós e tudo o que vive hoje na Terra dependemos do restante 1%. 

Mas até ao momento todas as extinções em massa (no mínimo cinco) e extinções menores tiveram por causa acidentes naturais. 

Agora, pelas nossas próprias mãos, assistiremos à nossa morte anunciada. É tudo uma questão de tempo; nem milhões, nem milhares de anos, mas décadas.

O homem teimou – e teima – em destruir o seu habitat. Somos a causa da extinção e uma das suas vítimas. 


A nossa actividade no planeta, principalmente depois do início da Revolução Industrial (1750) traçou o nosso destino:

- Com uma actividade industrial em crescendo, de modo a acompanhar a sua ambição descomedida, o homem poluiu o ar, os oceanos e o solo; emissão de gases com efeito de estufa, poluição dos mares e envenenamento dos solos.

- O estudo do papel e da importância dos hidratos de metano no Árctico e na Sibéria Oriental têm vindo a ser examinados por um grande número de cientistas.

A eventual libertação de uma grande quantidade de metano (CH 4), de várias giga toneladas – 50 Gt seriam catastróficas –, terá como consequência uma perda de habitat a curto prazo para os humanos. Mas não só. A libertação prolongada em níveis mais altos do que seriam de esperar, também põe em risco o nosso habitat.

Até ao ano de 2007 o metano teve um aumento muito pouco significativo na atmosfera, próximo do zero. A partir de 2007 começou a aumentar e a partir de 2014 teve um aumento de praticamente o dobro da taxa observada em 2007, aumentando significativamente a cada ano que passa. 

- O espaço aéreo está repleto de aviões em trânsito. Mas o seu rasto, apesar de durar apenas algumas horas, devido ao número de aeronaves em circulação, provoca nessas horas, um aquecimento maior do que todo o dióxido de carbono emitido desde que a aviação teve o seu início, para além dos efeitos nefastos que provocam na circulação atmosférica, podendo ser um dos factores de extinção da vida na Terra.

- A perda de aerossóis na atmosfera tal como o degelo abrupto do Árctico podem conduzir ao aumento descontrolado das ondas de calor.

Um estudo revelou que o degelo no Árctico está relacionado com a emissão de aerossóis sólidos para a atmosfera, que modificam a formação das nuvens e o clima globalmente.

- Um Árctico sem gelo terá o efeito equivalente a 25 anos de emissões de dióxido de carbono.

- A Antárctida está a perder seis vezes mais gelo mais do que há 40 anos atrás. O seu gelo liquidificou em Dezembro de 2019, na taxa mais alta já observada, e vivenciou uma inusitada onda de calor em Janeiro de 2020.

- Muito provavelmente, os ecossistemas oceânicos irão colapsar ainda durante esta década.

- A acidificação dos oceanos está a acontecer a um ritmo demasiadamente perigoso. O aumento de CO2 na atmosfera conduz à acidificação dos oceanos, acidez que é a irmã perversa do aquecimento global e que leva, entre outros, à diminuição do plâncton. Diminuindo o plâncton diminuem as espécies marinhas e o nível de oxigénio na atmosfera.  

- Se as instalações de energia nuclear do mundo ficarem descontroladas é quase inevitável que poderemos enfrentar uma extinção abrupta.

- Uma provável guerra nuclear – nunca me quis acreditar nesta hipótese, mas neste momento tenho muitas dúvidas sobre tão desastrosa hipótese.


Os seres humanos são mamíferos vertebrados. Como tal terão o mesmo fim do que os restantes mamíferos vertebrados que não são humanos.

Se ocorrer uma Extinção Abrupta, os humanos não sobreviverão. Havendo uma extinção abrupta toda a vida pode desaparecer, excepcionando-se quando muito os microorganismos resistentes, tais como bactérias e vírus.


UM VERDADEIRO DILEMA


Só temos um meio para alterar a temperatura média global do planeta: a redução da actividade industrial.

Mas se reduzirmos a actividade industrial teremos uma redução no Escurecimento Global, na quantidade de aerossóis na atmosfera – o efeito de mascaramento dos aerossóis foi demasiadamente subestimado até há poucos anos atrás –, o que fará com que a temperatura aumente muito rapidamente. Uma redução de apenas 20% na actividade industrial pode levar a um aumento de 1° C na temperatura média global numa questão de dias ou de semanas. 

Se diminuirmos a actividade industrial diminuímos ou podemos perder grande parte do efeito de mascaramento dos aerossóis, o que significa a perda do habitat para os humanos e o fim da humanidade.

Para podermos estimar a energia que o sistema climático acumula num determinado período, teremos de considerar dois factores: Por um lado o aquecimento proveniente da emissão de gases de efeito estufa, por outro a radiação que é absorvida e reenviada para o espaço por via da maior ou menor concentração de aerossóis. 

O dióxido de carbono (CO2) permanece na atmosfera por vários séculos após a sua emissão.

O óxido nitroso (N2O) aproximadamente um século. 

O metano (CH 4) algumas décadas.

Os aerossóis só permanecem na atmosfera por poucas semanas.

Se reduzirmos a emissão de aerossóis teremos como consequência, num curto espaço de tempo – dias ou semanas – a aniquilação da sua influência no clima. 


Os aerossóis são partículas sólidas ou líquidas suspensas num meio gasoso – em regra o ar, pelo que existem na atmosfera – e que têm consequências directas e indirectas no clima – esqueçamos por ora o seu efeito na saúde dos seres vivos que habitam o planeta.

Existem aerossóis naturais, como os que são produzidos pelas florestas, nomeadamente a Amazónia – o isopreno que é um composto precursor do ozono –, os que procedem dos oceanos, como os aerossóis de sal marinho, os do solo, na forma de pó, e existem os aerossóis de poluição gerados pela actividade humana.

Os aerossóis, em geral, reflectem a luz emitida pelo Sol para o espaço, arrefecendo o planeta. 

Outras partículas, como a fuligem, podem absorver a radiação solar. 

Quando os aerossóis são expelidos para a atmosfera podem passar algum tempo em suspensão antes de voltarem a cair na superfície terrestre ou serem arrastados por correntes de ar para outros locais, dando origem a alterações climáticas não só regionais, mas também globais.

A queima de combustíveis fósseis, principal fonte de emissões humanas de CO2, também consiste numa significativa fonte de emissão de aerossóis. Assim, a quantidade de energia acumulada pelo sistema climático, e consequentemente a taxa de aquecimento global, dependerá em curto prazo tanto das emissões de gases de efeito estufa quanto das emissões de aerossóis.

O tema foi explorado por um estudo de cientistas de universidades dos Estados Unidos, que calculou como as distintas regiões do mundo contribuíram para o acúmulo de energia pelo sistema climático. Tomaram em consideração os efeitos da quantidade acumulada de emissões de gases de efeito estufa e das emissões de aerossóis ao longo do período entre 1900 e 2017.

Os resultados indicaram que três regiões mostraram um padrão de desenvolvimento histórico comum. Nelas, as emissões de gases de efeito estufa associadas ao processo de industrialização foram compensadas pelas emissões de aerossóis de sulfato.

Constata-se que em três das regiões analisadas, o arrefecimento causado pelo aumento dos aerossóis anulou temporariamente o aquecimento provocado pelo aumento exponencial dos gases de efeito estufa.

À medida que os governos passaram a regular e combater a poluição atmosférica, entre outros motivos, os níveis de aerossol caíram significativamente. Sem contar mais com os efeitos de resfriamento dos aerossóis, o sistema climático passou a acumular mais energia em resposta às emissões acumuladas de gases de efeito estufa.

Podemos deduzir que os aerossóis contribuem para mascarar o aquecimento global.

Quando na Europa e nos Estados Unidos da América se implementaram medidas contra a poluição acabou por se verificar uma aceleração da taxa de aquecimento global. 

O futuro da Terra já estava comprometido quando da realização do estudo. Mesmo que nessa altura (2017) as emissões de gases fossem completamente eliminadas, o aquecimento médio global não pararia de aumentar.


Não temos capacidade para inverter a situação:

- Diminuir a actividade industrial, como já vimos, pode agravar o aquecimento do planeta em vez de o arrefecer;

- As chamadas energias renováveis ou energias limpas – que não são completamente limpas – não conseguirão resolver o problema atempadamente.

- A florestação em massa também o não consegue fazer, como já deixámos anotado num outro artigo.

- A geoengenharia não tem soluções válidas, eficazes e práticas.


O ponto sem retorno é actualmente inquestionável.


A Humanidade tem o seu fim à vista. 

Serão décadas de grande sofrimento. Doenças, fome, agressões de todo o género, guerras. Um sem fim de padecimentos físicos e psicológicos. 


Vivam o “agora” e saibam conviver com o sofrimento e com a morte, educando os vossos filhos e netos para a triste realidade de que todos somos culpados.


Um conflito mundial?


Já não vos basta o anunciado fim da humanidade, em décadas, como consequência das ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS, para andarmos a “provocar” uma Extinção e um atroz sofrimento a muito curto prazo?

Alguns políticos, governos, televisões e jornais, inundados de imbecis, estão apenas a alimentar um eventual conflito à escala mundial.

Há quem ande pelos parlamentos mundiais a “pedir” uma terceira guerra mundial, secundado por um conjunto de idiotas que deviam estar mais preocupados com uma verdadeira dialéctica de Paz.

 Esperemos que tal não ocorra e que um dia não venhamos a despertar depois de um sono repousante com uma nova Hiroshima, mas na Europa. 


(artigo de 20/4/2022)

https://gaia-o-fim-da-humanidade.blogspot.com/


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