O PENSADOR

O PENSADOR
RODIN

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

AFORISMOS E REFLEXÕES BREVES III

 


Por ora, talvez seja um semi-anacoreta. Fugi do mundo vivendo no mundo. Aprendi a viver separado de tudo e unido a tudo, vendo-me em mim e em tudo.

Os bens materiais não me atraem e a meditação sobre a morte faz com que a vida tenha um sabor especial.

De qualquer modo, façam-me um favor: esteja eu onde estiver evitem aproximar-se de mim carregando futilidades.

Por agora; depois se verá.


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Fugir do mundo não significa desprezar os outros. Pelo contrário, quanto mais me aproximo de Deus mais me aproximo dos outros.


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Age como o semeador prudente. Semeia as tuas práticas espirituais na terra profunda e negra, longe dos olhares dos outros. Tais práticas produzirão frutos.

Se semeares na camada superficial da terra, à vista de todos, alimentando a vanglória, já recebeste o teu quinhão.


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Um cristão é aquele que imita Cristo. Não conheço melhor definição.

Como podem imitar Cristo milhares de milhões de cristãos que nem um único Evangelho leram e nada conhecem da sua vida?

Por isso Ghandi amava o cristianismo e odiava os cristãos.


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A maioria dos cristãos não imita Cristo. Imita Satanás. Daí ter ele tão pouco que fazer no mundo moderno, pois foi substituído pelos homens.

A isto chama-se aposentação compulsiva do demónio.


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Alguns crentes assistem aos ofícios religiosos como se Deus estivesse presente. Mas, mal saem do templo afiam as suas línguas uns contra os outros como se Ele estivesse ausente. 


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Quando um cristão desiste de buscar em Deus o perdão pelos seus actos, convencido de que não há misericórdia que o salve, erra.

É esta a blasfémia imperdoável contra o Espírito Santo a que aludem as Escrituras.


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Quem carrega os seus fardos com pesar não consegue reparar nos fardos dos outros.


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A autocrítica é uma carga muito mais leve de transportar do que a da autojustificação.


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Um cristão deve cobrir com o manto da misericórdia os imperfeitos e os que cometem erros, mesmo os mais graves.


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As obras de fé resumiam-se para os Pais do Deserto em viver humildemente e praticar a misericórdia.


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Se o mundo é um obstáculo ao teu crescimento espiritual, se não te consegues afastar da influência perniciosa da mundanidade, transforma-te numa espada do mais fino aço. 


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Ninguém consegue agradar a Deus e ao Diabo.

Aquele que tenta agradar a todos os homens perder-se-á. Foge de tal homem.

E se conheceres alguém de quem toda a gente fala bem, foge também.


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Os que estão sequiosos de sucesso encontram sempre uma miragem onde a água é apenas areia.


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É bom que sejas comedido na alimentação do corpo, mas não no alimento espiritual.


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Aquele que aprendeu a meditar na hora da sua morte, na decomposição do corpo, no abandono deste mundo efémero, encontrará a cada dia uma nova vida e um coração cada vez mais pacificado.


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A oração firmemente estabelecida no coração vence todas as barreiras.


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Pergunta-te:

“Em quem deposito integral confiança?”

Consoante a tua resposta, assim agirás.


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Dar a vida por outrem é carregar os seus fardos, por muito pesados que sejam.


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Os homens vivem o presente com os olhos postos no futuro, trocando o certo pelo incerto.


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Nunca dês ordens a quem cuida de ti. Se o fizeres demonstrarás uma enorme ingratidão e um orgulho intolerável.


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Há um perdão que não é igualado por nenhum outro. Se quando ofendido já perdoaste antes do ofensor te vir pedir perdão.


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No café que frequento, as famílias procuram dar a ideia de que têm uma vida melhor do que as outras. É um autêntico concurso de sucesso. E quanto mais sucesso intentam demonstrar mais expostas ficam. Grandes dificuldades financeiras, dívidas, bolsos vazios, ignorância e miséria espiritual.


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Quanto maior a humildade do homem mais progredirá, causando inveja a ricos e poderosos.


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Procura não responder à arrogância dos homens e do mundo.

Dito de outra forma: quando te ofenderem ou forem arrogantes contigo, sê como os mortos dos sepulcros que não respondem às ofensas nem se envaidecem com os elogios.


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As cidades e as vilas têm nomes de homens nas praças e nas ruas, que não valem sequer o pior dos seus edifícios em ruínas.


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Não te alegres com a desgraça dos outros. 

A maior parte dos homens finge sofrer com os que sofrem, fingem compaixão quando na realidade sentem nisso um certo prazer.

Com amigos destes quem é que precisa de amigos?

Tal como o sorriso falso pode ser identificado, também a falsa compaixão o pode, apesar de nem sempre ser fácil.


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Desde que aprendi a distinguir um sorriso verdadeiro de um falso, excluí das minhas relações 99,9% de amigos e conhecidos.


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Porque é que nos preocupamos com tanta coisa mesquinha e inútil?

Será que esses escolhos da paz nos vão perturbar dentro de cinquenta anos?

Foge das preocupações.


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É mais fácil rememorar a dor do que o prazer e a alegria. 

A explicação talvez esteja na quantidade e não na qualidade.


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São Lucas disse: “Médico cura-te a ti mesmo.”

Eu digo: “Psiquiatras e psicólogos curai-vos primeiro.”


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Vivemos um tempo de moda. Usam-se novas palavras como se usam novas roupas. Sustentabilidade e resiliência são um exemplo. É estranho que me pareça que as estão sempre a repetir. É estranho como me irritam.


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Há algum tempo emprestaram-me um automóvel de substituição enquanto o meu se encontrava a reparar. Era um modelo exclusivo. Dias depois fiz uma viagem de 400 quilómetros e durante o percurso vi mais de vinte modelos.


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O nosso medo mais profundo é o medo da morte. O nosso maior desejo, o de a derrotar.

Só a morte pode derrotar a morte.


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Procurei dezenas de vezes um objecto numa gaveta. Sabia que o tinha arrumado precisamente naquele local. Voltei, retornei e deambulei pela casa. Após algumas horas, abri de novo a gaveta e lá estava.

Não é um problema de visão nem de memória. É um problema de observação.


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Os insectos são como os amantes. Passam o dia a tentar sair de casa e a noite a tentar entrar.


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Os mais idiotas dos homens são os que teimam em que sigamos as suas instruções e nos modelemos pelos seus princípios políticos, éticos e religiosos.


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Ter filhos pode ser um aborrecimento. Ter filhos e não ter netos pode ser uma desgraça.


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Se desprezas o poder e a glória não te vanglories. Se o fizeres estás a alimentar abundantemente o que dizes desprezar.


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A única riqueza que nunca te será tirada são as esmolas que deste.


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Paul Valery dizia com razão, que a política é a arte de impedir que as pessoas tomem parte nas decisões de assuntos que lhes dizem directamente respeito.


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A maioria dos que querem subir na vida descem tão baixo como os mais temíveis delinquentes.


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Por muito estranho que pareça, não é o homem que governa a Terra, mas os microrganismos, tais como as bactérias.


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Porque é que o meu telefone não toca horas a fio e quando vou ao banheiro não pára de tocar?

Porque é que toda a gente se lembra de me telefonar ao mesmo tempo?


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É fundamental que haja uma revolução. Mas não quero que o poder seja tomado por revolucionários que esqueçam as suas ideias no dia a seguir à posse, dando continuidade aos ideais putrefactos que combateram. 


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Quase todos os políticos têm telhados de vidro. Temos um primeiro-ministro a quem basta ser uma coisa fungível a céu aberto.


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Vejo tanta gente que diz amar o seu país, cujo maior desejo é emigrar. Que país é este?


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Há mais psiquiatras e psicólogos a necessitarem de ser curados do que doentes mentais.


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Uma das coisas que mais aprecio é a solidão, desde que esteja alguém na sala ao lado.


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Há coisas que só me poderia dar ao luxo de fazer ou dizer caso fosse muito rico ou muito pobre.


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O maior desejo dos portugueses, quer joguem ou não, é o de ganhar o euro milhões.


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Um homem com os bolsos cheios de dinheiro é sempre inteligente e os seus actos valorizados pela populaça.

Se um rico caminha embriagado pelas ruas, dizem: “É tão engraçado, como está contente.”

Se é um pobre que sai a cambalear da taberna: “Olha-me para aquele borrachão. Que triste figura.”


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É bom que estejamos preparados para o que não esperamos.


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Se os casais não vivessem debaixo do mesmo tecto, decerto haveria menos divórcios.


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Quando quiseres ser ouvido, estando num aglomerado de gente, fala baixo, em tom de sussurro e profere uma ou duas palavras a que todos prestam atenção. Experimenta a palavra sexo.


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