O PENSADOR

O PENSADOR
RODIN

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

AFORISMOS E REFLEXÕES BREVES II



A maioria dos homens tem uma total ausência de sabedoria, o que os aproxima dos nossos governantes e dos catedráticos.


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Se quisermos conhecer o que é que os homens e mulheres pensam verdadeiramente, temos de observar o que fazem e não ouvir as palavras que proferem.


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O cérebro tem sempre presente o reflexo condicionado.


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A paciência é algo que admiramos no condutor que segue atrás de nós e perdemos com o que segue à nossa frente (Mac McCleary).

Daí que só conduzo na cidade em casos de extrema necessidade. Uso quase sempre o táxi, deixando para o seu condutor a estúpida irritação por falta de paciência e decoro.


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Há homens que falam sem cessar e que são ouvidos com prazer por uma multidão de néscios. A sua existência resume-se às palavras, mas as palavras não são por si só vida. Estes não vivem nem deixam viver.

É preferível uma vida sem palavras do que muitas palavras sem vida.


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Se quiseres oferecer algo de valor a ti próprio, que seja a honra.

Não há homem nenhum que ta possa dar nem retirar.


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Alguém disse que ou mudamos ou iremos acabar como uma Suécia fiscal implantada numa Albânia económica.

Mas não é o que já somos?


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Os bancos emprestam milhões aos ricos que por magia são insolventes, perdoando e renegociando dívidas, enquanto executam os pobres até ao último centavo, deixando muitos deles em situações desesperadas.


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Dizia-se do Pai Arsénio do deserto que não havia ninguém que conseguisse compreender a sua forma de vida. No entanto, mal li o pouco que dele se sabe, compreendi-o imediatamente. Hoje mais do que nunca!


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Renunciar ao mundo é renunciar ao apego das coisas materiais e aos desejos. No entanto, o mais difícil de tudo é sermos capazes de renunciar a nós mesmos. É esta a renúncia suprema.


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Um cristão quando vê um pobre, deveria ver Cristo, e não fugir dele para lhe negar a esmola.


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Primeiro aprende a estar só. Depois virá a sabedoria. Não há maior amizade do que a travada entre sabedoria e solidão.


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Não há ninguém que tenha crescido espiritualmente, que não tenha passado por uma noite escura, que não tenha mergulhado profundamente nos maus pensamentos solidificados nos subterrâneos da mente.


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Só há uma forma de vencer os “demónios”: pela humildade.

Se te aparecer um anjo diz:

“Não sou digno de ver um anjo.”

Se te aparecer Cristo:

“Não sou digno de ver Cristo e não o quero ver aqui na terra, mas no reino.”

Se começares a ver muitas coisas do outro mundo deves consultar um bom psiquiatra ao invés de um vidente ou de uma bruxa.


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Se queres destruir o mal usa a arma da humildade.

De qualquer modo acautela-te. Os humildes acabam quase sempre por fazer tudo o que lhes é ordenado.


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De que servem os discursos eloquentes e as palavras de grande beleza, quando quem os profere está vazio por dentro?


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Se te esconderes para fazer o mal, fugindo da reprovação dos homens, lembra-te que a repreensão da tua alma é muito mais dolorosa do que a língua daqueles.


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Peço a Deus que me conceda o dom de quando falar de alguém não haja qualquer maledicência na minha boca, nem qualquer julgamento no meu pensamento.

De qualquer modo, para evitar cair em tal erro, sinto que é preferível guardar silêncio.


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Não é sábio o que fala por falar, mesmo que o que diga seja correcto. O sábio deve saber quando deve falar e quando deve guardar silêncio.


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Quantas vezes os tratamentos necessários ao corpo físico são difíceis de suportar. Mas muito mais dolorosos são os tratamentos que devemos dispensar à alma.


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Coloca os dedos nas tuas “feridas”, não como Tomé para acreditar, mas como o médico da alma que busca incessantemente a cura das imperfeições.


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Para combateres o mundo necessitarás de um corpo saudável e de um coração puro, caso contrário o mundo vencer-te-á.


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Quanto mais me afasto dos homens, mais perto fico deles.


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O silêncio não é só a ausência de som. Pode existir na própria palavra.


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Haverá alguém perfeito? Tu és perfeito? Então porque julgas os outros?


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Humildade e simplicidade conjugam-se para dissipar com naturalidade o desejo.


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Não penses que é fugindo sem mais dos homens que terás sucesso na solidão. Aprende primeiro a viver no meio deles, e depois, se assim o entenderes, afasta-te. O principal é que te apartes mentalmente deste mundo.


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A autoridade é sinónima de corrupção. Só será valiosa quando o poder for exercido por intermédio do exemplo e não de normas legais.

Antes de ser legislador, o homem deveria ser exemplo. No entanto, vivemos numa sociedade em que o legislador é o principal corruptor deste princípio. 


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Haverá algo que cause tanto dano à alma como o acto de julgar os outros?

Conta-se que um irmão de uma comunidade do deserto, que tinha pecado foi expulso da igreja pelo sacerdote durante um ofício religioso. O santo Pai Bessarião, que também assistia à liturgia saiu com ele dizendo: - Eu também sou um pecador!


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Acende em ti o fogo da esperança e da paz.


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Ou nascemos a cada novo dia ou vivemos permanentemente na morte.


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Quando vejo alguém cometer um acto imoral ou ter para com os outros, palavras reprováveis, penso sempre: “Agora ele, depois eu.”


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Os pensamentos mais sublimes nascem do silêncio.


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Melhor do que ter “visões divinas” é ter a capacidade de reconhecermos com realismo as nossas faltas e imperfeições. 


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Quem ensina o que nunca praticou deveria ser proibido de ensinar.


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Tal como o Pai Arsénio do deserto arrependi-me muitas vezes de ter falado, mas nunca me arrependi das situações em que fiquei em silêncio.


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Não confio na justiça dos homens. Muito menos na minha. Por isso, evito julgar os outros.


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Se me elogiam sinto que me desviam do meu caminho. Um elogio é uma pedra de tropeço.


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Devemos manter-nos equidistantes de elogias e ofensas, tal como os habitantes dos sepulcros.


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Cada vez que murmurares contra um teu irmão, sorverás o veneno do teu murmúrio.


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As epidemias e pandemias morais são muito mais letais do que as virais.

Quer numas quer noutras não confies nos outros. Começa por ser o teu próprio médico. 


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A solidão é um encontro do homem consigo mesmo e com os outros. Solidão no espaço, solidão no silêncio e solidão do coração.


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Se alguém quer estar comigo porque se sente só, sendo má companhia de si mesmo não poderá ser boa para mim.


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A nossa vida está construída sobre palavras fúteis e inúteis.

Quando é que conseguiremos que elas sejam “o sonoro e falante silêncio da verdade”, como disse Santo Agostinho?


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Não te inquietes em demasia com as preocupações próprias do mundo, sob pena de nunca atingires a quietude de espírito e a paz do coração.


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Aquele que guarda a sua língua da maledicência, da cólera e das palavras inúteis, já deu o primeiro passo na peregrinação para a paz.


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Sentes que desperdiçaste a tua vida? Não te apoquentes. Nasce hoje de novo e não olhes para trás como a mulher de Lot. Se ainda tiveres dúvidas, caindo no desânimo, procura aprender a morrer todos os dias.


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Se eu conhecesse os mistérios ocultos desde o princípio dos tempos e os mistérios dos tempos vindouros, despenderia o meu miserável tempo com dissertações e teorias? Certamente que não. Faria silêncio. 


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Existem duas leis que procuram explicar os principais fenómenos da vida: a de Murphy e a de Peter.

A primeira diz-nos fundamentalmente:

Se alguma coisa puder correr mal, correrá mal de certeza. 

Pode acrescentar-se:

Tudo o que não pode correr mal corre mal de certeza; e

qualquer tentativa de não fazer nada, para que nada corra mal, dá mau resultado.

Contentemo-nos com o que a vida nos dá.

A de Peter diz-nos que numa qualquer hierarquia, cada indivíduo tende a alcançar o seu nível de incompetência.

Em certos casos, nomeadamente no aparelho do Estado e na política deparamo-nos com indivíduos que tendo alcançado o seu grau de incompetência continuaram a subir na hierarquia. Podemos citar como exemplo o número elevado de ministros, que nunca deveriam ter passado de técnicos da função pública e de directores-gerais que se deveriam manter na classe de meros escriturários.

Basta olhar para os nossos governantes.


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