O PENSADOR

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RODIN

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

SÉNECA - A VIA DA VIRTUDE - A DIVINDADE ESTÁ DENTRO DE TI





Nasceu nos primeiros anos da era cristã – há quem refira que o seu nascimento se reporta ao ano 3 a.C.. Político, foi professor de Nero. Como estóico, desprezava a riqueza, mas foi conhecido por ser extraordinariamente rico, fortuna adquirida provavelmente por intermédio da prática da usura. Foi condenado por Nero à morte, tendo-lhe sido permitido suicidar-se, o que ocorreu em 65 d.C. Assim que a ordem lhe foi comunicada, interrompeu o seu trabalho, e pôs fim à vida sem lamento ou contestação, não porque quisesse morrer, mas por não temer a morte. Nos seus últimos momentos, exortou a família a não se lamentar da sua sorte, e que lhes legava muito mais do que riquezas: o verdadeiro exemplo de uma vida virtuosa – julgamos no entanto, que a sua vida não teve uma integral correspondência com os preceitos que são a sua herança filosófica. 

A via da felicidade é a via da virtude. A sua pátria era o Universo, governado por deuses.

Séneca é um estóico ecléctico absorvido por profunda religiosidade. As suas doutrinas aproximam-se das do cristianismo, o que levou alguns autores a preconizar um pretenso relacionamento com S. Paulo. Entre os cristãos, podemos mencionar S. Jerónimo, que procurou estabelecer tal relacionamento, atestando a sua cristandade – de todo duvidosa.

Escreveu as seguintes obras: Da Vida Feliz, Da Vida Breve, e Cartas a Lucilius.

Na Vida Feliz, afirma que a via da felicidade é a virtude. Insiste também no facto de nada haver de reprovável na riqueza do filósofo, desde que esta tenha sido obtida de forma lícita.
Deus é o Senhor do Universo, estendendo-se para o exterior, mas regressando, no entanto, de todo o lado, interiormente a si próprio. É necessário seguir Deus, pois nascemos num reino em que a nossa liberdade depende da obediência que lhe dedicamos – há aqui uma aceitação expressa do destino dos mortais.
Para que exista uma efectiva aproximação a Deus, não temos necessidade de olhar para fora de nós, basta-nos olhar para nós mesmos, recolhermo-nos no nosso interior. Pela introspecção alcançamos a verdade.
O soberano bem é o acordo da alma consigo mesma.
Tal como Platão, considera que o corpo é o túmulo da alma. O dia da morte do corpo, é o dia do nascimento da alma para a vida eterna.

Nas Cartas a Lucílio, inserem-se todos os temas da ética estóica. Será provavelmente a obra mais importante do filósofo.

Escreveu um Tratado dedicado a Lucílio, que oscila entre duas teses (Denis Huisman):
- É na adversidade que o homem virtuoso encontra seguramente a ocasião de exercer a sua sabedoria; os males permitem, assim, ao sábio revelar a sua força de alma; e
- As pretensas infelicidades de que o homem de bem é vítima, na realidade não são males; uma vez que não afectam a capacidade do homem de se governar pela vontade, de males só têm o nome.

Elucidativa da teoria do Deus que inunda a nossa alma, é a seguinte passagem: “Não devemos erguer as mãos ao céu nem pedir ao guarda do templo que nos permita aproximar-nos das orelhas da estátua de Deus, como se assim pudéssemos mais facilmente ser ouvidos; a divindade está próxima de ti, está contigo, está dentro de ti”.





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