O PENSADOR

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RODIN

sábado, 17 de janeiro de 2015

SANTO AGOSTINHO - A VERDADE É DEUS




Nasceu em 354, de pai pagão e mãe cristã. Convertido ao cristianismo por influência de sua mãe, foi baptizado em 387, ordenado sacerdote em 391, e consagrado bispo – de Hipona – em 395. Faleceu no ano de 430.

Agostinho declarou – Solilóquios – : “Desejo conhecer Deus e a alma. E nada mais? Nada mais, absolutamente”.

Mencionamos as seguintes obras:

Contra os Filósofos da Academia – Esta obra é constituída por três livros. Espelha a discussão filosófica que manteve no Outono de 286 com seu filho Adeodato e três amigos deste. Trata de várias questões, nomeadamente, a vida bem-aventurada, consubstanciada na máxima de que só o sábio atinge a verdade, mas sempre com o auxílio de Deus.

Do Livre Arbítrio – Aqui, discute-se a natureza do mal e afirma-se a capacidade do homem em optar por este ou pelo bem – o que implica a responsabilidade pelos seus actos, dado que Deus lho permite

O Mestre, é o diálogo entre Agostinho e o seu filho Adeodato, onde procura demonstrar, que dentro de cada um de nós, existe a palavra divina, nosso único Mestre.

Da Trindade, afirma a realidade do mistério da Trindade, apesar de a razão o não conseguir atingir. Deus é aquele que ama, o que é amado, e o próprio amor, sendo apenas Um.

Confissões – Esta é a obra mais conhecida do Santo. A primeira parte (Livros I a IX) é um relato da vida de Agostinho, até ao momento em que se converteu ao catolicismo, facto que em muito se ficou a dever à influência de sua mãe. A segunda (até ao Livro XIII) tem uma natureza especulativa, filosófica.
Muito resumidamente, diga-se que se ocupa da conversão de Agostinho e da busca incessante de Deus.

A Cidade de Deus é uma obra extensa de filosofia e teologia. Nela, responde com fortes argumentos à acusação feita aos cristãos no ano de 410, que os responsabilizava pelo abandono dos deuses da cidade e da derrota de Roma às mãos dos Godos.
Estabelece a existência de duas cidades celestes: a de Deus – habitada pelos anjos – e a do mal – habitada por demónios. Para além destas, a cidade terrestre é caracterizada pelo desapego a Deus, pela morte e pelo pecado original. O homem pode realizar a sua escolha, que estará submetida ao Juízo Final, onde o bem será premiado com a felicidade eterna e o mal com a infelicidade, também eterna.

O problema teológico em Agostinho, é o seu próprio problema enquanto homem, plasmado de forma brilhante no mais famoso dos seus escritos – As Confissões.
Parece dominado pelo pecado, questão que o preocupa antes e depois da conversão – converteu-se ao cristianismo quando professava o maniqueísmo
É famosa a sua prece: “Deus me conceda a castidade, mas não agora.”

O princípio fundamental da teologia de Agostinho pode expressar-se no aforismo: a verdade é Deus. Um Deus de Verdade e de Amor. O conhecimento de Deus é atingível por intermédio de Jesus Cristo, e devemos apoiar-nos nas Escrituras Sagradas.

Deus revela-se ao homem, que diligentemente o busca na profundidade do seu eu, da sua alma. Só assim poderá o Senhor ser encontrado.

Com a morte poderemos retornar a Deus. Mas, para que tal ocorra, o homem velho ou carnal, deve renascer para o espiritual.

Deus de tudo é fundamento, o criador de tudo o que existe. A mutabilidade do mundo sensível, não é o ser, e não o sendo teve de ser criado por um ente eterno. Este, para além de criar o mundo, criou o tempo – falar do tempo antes da criação é destituído de qualquer sentido – estando para além dele, já que a eternidade é um eterno presente, sem passado nem futuro. A criação a partir do nada, é ideia que os filósofos gregos desconhecem. Quer Platão quer Aristóteles preconizam a existência de uma matéria primordial a que Deus dá forma; mais do que criador ele é o artífice da substância eterna e incriada. Santo Agostinho, cristão ortodoxo, não contradiz o Génesis e afirma a criação do mundo por Deus a partir do nada.

O mal contradiz a bondade de Deus. Agostinho negou a sua realidade. O único mal que existe no mundo é o pecado, e este é consequência de uma vontade defeituosa que renuncia a Deus e se entrega ao que é reprovável. O mal é a ausência do bem e não uma força demoníaca.

A alma é sobretudo a entidade e interioridade espiritual onde a verdade tem assento, por oposição ao exterior, errante. Surgiu do nada por efeito da vontade criadora de Deus e apesar de ser uma essência imortal, não perde o seu carácter individual. O misticismo é em Agostinho a iluminação da alma pela luz divina.

Admitiu o traducianismo – doutrina segundo a qual a alma é transmitida de pai para filho através da fecundação –, já que o criacionismo é contrário à bondade de Deus, porquanto é inadmissível que este crie uma alma condenada à perdição – o traducianismo justificava a transmissão do pecado original.

Erram todos os que como Porfírio negam que no Céu os santos estejam providos de corpo. Estes, serão possuidores de corpos espirituais e subtis, masculinos ou femininos. Realce-se, que todos os que faleceram durante a infância, irão renascer em corpos adultos. Em rigor, existem duas ressurreições. A da alma, como consequência da morte, e o corpo como consequência do Juízo Final.
Após a ressurreição do corpo, os que não obtiveram a salvação arderão – sem se consumirem – eternamente no Inferno. As penas infernais, não podem de modo algum ser minimizadas, nem pela intercessão dos santos. A eterna condenação aguarda hereges e os católicos que caíram irreversivelmente no pecado.
Os não baptizados, ainda que crianças, vão para o Inferno, onde sofrem os piores tormentos.

O homem deverá escolher a vida segundo a carne – cidade terrena – ou segundo o espírito – cidade de Deus. 




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