O PENSADOR

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RODIN

domingo, 18 de janeiro de 2015

PASCAL - DEUS DE JESUS CRISTO E NÃO DOS FILÓSOFOS E CIENTISTAS




Blaise Pascal nasceu no ano de 1623. Com variadíssimos interesses no campo científico, terá manifestado uma profunda religiosidade, como o atesta um escrito datado de 23 de Novembro de 1654, que cosido à sua roupa, foi encontrado depois da sua morte. Aí, podia ler-se, nomeadamente: “Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacob. Não dos filósofos e dos cientistas. Deus de Jesus Cristo.”

Entre as suas obras, destacamos:

As Provinciais – São dezoito cartas que contêm a intervenção do filósofo num debate teológico.

Pensamentos – É uma obra de referência, de leitura obrigatória. São pensamentos fragmentários, tal como o homem e o mundo que habita.


Outras obras:

Prefácio para o Tratado do Vazio, publicado em 1663. É essencialmente um manifesto a favor do método experimental, mais do que uma abordagem do problema do vazio.

Da Arte de Persuadir – Obra que define um método seguro para persuadir os outros, das “verdades” que pretendemos impor.

Conversa com Monsieur de Saci sobre Epicteto e Montaigne – Trata-se de um elogio aos dois filósofos, do estoicismo e do cepticismo, de cada um deles.

Do Espírito Geométrico.


Pascal foi muito influenciado por Montaigne na exigência do autoconhecimento. A análise do conhecimento do homem e da sua mundividência é o escopo da sua filosofia.

A filosofia do século XVII lutou incessantemente pelo reconhecimento da razão como meio idóneo e eficaz para ascender ao conhecimento. Pascal reconhece-lhe limitações no domínio da investigação científica e nega-lhe qualquer utilidade na esfera religiosa. Nesta última, deve o homem começar por se compreender a si mesmo, e tal conhecimento nunca lhe será dado pela razão, que neste particular é fraca e inútil atenta a incerteza que gera. À realidade humana acede-se pelo “coração”. Por isso afirma, que o coração tem razões que a razão desconhece.

A contradição entre a razão e o coração – ou entre o conhecimento demonstrativo e a compreensão instintiva – é comparada à existente entre o espírito geométrico e o espírito de finura ou argúcia; o primeiro estrutura-se no raciocínio e o segundo na compreensão imediata.

O homem encontra-se entre o infinitamente grande e o infinitamente pequeno, sem que logre conhecer quer um quer o outro.

Grande é o homem que sabe reconhecer o seu estado de miséria, e perante tal facto, enceta dura caminhada pelas veredas da fé.

O Deus dos cristãos, diz Pascal em resposta a Descartes, não é um Deus que é simplesmente o autor de verdades matemáticas ou da ordem dos elementos. É assim que os pagãos o encaram. Ele é o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob; o Deus dos cristãos é um Deus de amor e conforto, que enche a alma e o coração dos que possui.

A Deus não se ascende pela razão. Mas o homem tem de decidir. E daí, nasce a célebre aposta de Pascal. Quem apostar na existência de Deus, se ganhar, é evidente que tudo ganha, mas caso perca, nada perde. Trata-se de um jogo em que se arrisca o finito para ganhar o infinito.

O divertimento, nas suas múltiplas formas, faz com que o homem não pense na morte. Aliás, sentindo que nada contra ela pode, opta por não pensar, julgando que assim atinge a felicidade.




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