O PENSADOR

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RODIN

domingo, 18 de janeiro de 2015

KANT - O MAIOR FILÓSOFO DA MODERNIDADE?




Immanuel Kant nasceu em 1724 e faleceu no ano de 1804. Viveu em Konigsberg.

Tem sido considerado o maior filósofo da modernidade, não obstante a existência de algumas vozes discordantes.

Apesar de ter sido educado com a filosofia de Leibniz, acabou por ser influenciado por Rousseau e por Hume – este, que nas suas próprias palavras, o terá despertado do seu sono dogmático

Era liberal e sentia-se atraído pela democracia.


Obras principais:

Crítica da Razão Pura – É a obra principal de Kant. Nela, o filósofo pretende reabilitar a razão – por intermédio de um “tribunal”, que é a crítica da própria razão pura – contra o cepticismo.

Crítica da Razão Prática – Também uma das principais obras de Kant, que intenta descortinar o modo como a vontade pura pode ter interesse na lei moral.
Nestes escritos, surgem-nos os postulados da razão prática, que entram em domínios vedados à razão teórica, v.g., a existência de Deus e a imortalidade da alma.

Prolegómenos a toda a Metafísica Futura que possa apresentar-se como Ciência – Trata-se de uma exposição facilitada da filosofia de Kant, talvez para alargar o número de leitores – o que apesar do valor da obra, acabou por não atingir os objectivos pretendidos.

Outras obras:

História Geral da Natureza e Teoria do Céu; Considerações sobre o Optimismo; O Conceito de Grandeza Negativa; Observações sobre o Sentimento do Belo e do Sublime; Sonhos de um Visionário explicados pelos Sonhos da Metafísica; Dissertação de 1770; Ideia de uma História Universal de um Ponto de Vista Cosmopolita; Fundamentação da Metafísica dos Costumes; Primeiros Princípios Metafísicos da Ciência da Natureza; O que Significa Orientar-se no Pensamento; Crítica da Faculdade de Julgar; A Religião nos Limites da Simples Razão; Projecto de Paz Perpétua; Antropologia do Ponto de Vista Pragmático; O Conflito das Faculdades; Lógica; Reflexões sobre a Educação.

Escreveu inicialmente obras de carácter científico, nomeadamente a História Geral e Natural e Teoria dos Céus, editada em 1755. 

A obra filosófica mais conhecida e de enorme importância na história do pensamento, é a Crítica da Razão Pura, que pretende demonstrar, que embora não haja conhecimento que transcenda a experiência, é em parte a priori e não de modo indutivo derivado daquela. Definiu dois tipos de julgamento: o analítico e o sintético. No primeiro, a verdade pode ser determinada dentro de si mesma, tal como na afirmação de que “todas as casas pretas são pretas”. No segundo, a verdade está para além de si, como por exemplo, quando se afirma que a casa é preta. Refere ainda o conhecimento a priori e a posteriori. No primeiramente enunciado, a afirmação de que todas as casas pretas são pretas, não necessita da minha percepção para que seja confirmado, contrariamente à afirmação de que “a casa é preta” – neste caso preciso de ver a casa para determinar a sua cor. O conhecimento transcendental é um conhecimento a priori, que contém uma dada informação que reconhecemos de imediato como verdadeira. Já o conhecimento empírico, é um conhecimento a posteriori, sendo necessário confirmar a sua veracidade. O mundo fenomenal é o mundo que experimentamos por intermédio dos nossos sentidos, enquanto que o mundo numénico – coisa-em-si – é a realidade que está para além do mundo fenomenal – Kant acreditava que temos uma noção intuitiva acerca da natureza do mundo numénico (metafísico). O nosso conhecimento não é assim obtido, apenas por intermédio dos nossos sentidos – empirismo – ou por intermédio da razão – racionalismo.

Para Kant, Deus não é objecto de conhecimento e a teologia não passa de conversa fútil.
Quando muito, Deus pode ser uma ideia pura da razão, não demonstrável, postulado e não cognição da ordem moral da razão prática.

Na Crítica da Razão Pura, destrói com notável destreza as provas racionais da existência de Deus, que na sua perspectiva, são três: a ontológica, a cosmológica e a físico-teológica.
Há no seu entender, outros fundamentos idóneos ao estabelecimento da crença, e esses são enunciados na Crítica da Razão Prática.

Vejamos uma síntese dos seus argumentos atinentes aos mencionados argumentos racionais, conforme expendida por Bertrand Russell:
- A ontológica define Deus como ens realissimum, o ser mais real, isto é, sujeito de todos os predicados que lhe pertencem absolutamente. Afirmam os que a julgam válida que sendo a existência um predicado, tal sujeito deve ser esse predicado, isto é, deve existir. Kant objecta que a existência não é um predicado. Cem talers imaginados, diz ele, têm os mesmos predicados de cem talers reais.
- A prova cosmológica diz: Se alguma coisa existe, existe um ser absolutamente necessário; ora eu sei que existo, portanto um ser absolutamente necessário existe e deve ser o ens realissimum. Kant afirma que o último passo do argumento é novamente o ontológico já rejeitado.
- A prova físico-teológica é o argumento do plano mas em traje metafísico. Afirma que o Universo revela uma ordem, demonstrativa de propósito. Kant trata com respeito este argumento, mas nota que quando muito demonstra um Arquitecto, não um Criador, e não dá portanto uma concepção adequada de Deus. Conclui que a única teologia possível da razão é a baseada em leis morais ou guiada por elas.

Para Kant, Deus e imortalidade são verdadeiramente ideias da razão, sem que esta possa demonstrar a sua realidade. São ideias práticas directamente relacionadas à moral.
As propriedades metafísicas da alma – simplicidade, substancialidade, espiritualidade, imortalidade – não são objecto do conhecimento.

Considera que há Deus e uma vida para além da morte, porquanto deve existir uma felicidade que seja proporcional à virtude, felicidade esta, que só a providência pode assegurar.




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